Comentários sobre Plate Carrier
Hoje em dia é muito comum ver alguém
postando fotos com um conjunto multicam camuflado e um plate carrier (na
maioria das vezes sem placa balística), usado como um acessório que está na
moda. Afinal, é um equipamento que vai te deixar parecendo um “navy seal”. Mas
fica a dúvida: esse equipamento tem aplicabilidade para um CAC ou
sobrevivencialista?
Quando ingressei na polícia recebi
um colete balístico tamanho G (meu tamanho é P). Vocês devem imaginar como foi
difícil usar esse equipamento durante os plantões. Atrapalhava demais a mobilidade.
Embarcar e desembarcar na viatura era um sofrimento. Isso trazia riscos, já que
o momento de desembarque é crítico numa abordagem e deve ser feito rapidamente
e em sincronia com a equipe.
Diante disso, comprei um plate
carrier e um conjunto de placas balísticas rígidas do nível 3A. O equipamento
montado ficou extremamente leve, e pelo tamanho reduzido proporcionou uma
mobilidade excelente. O ponto negativo é a menor proteção. As placas rígidas
cobrem uma área menor do corpo e não tem cobertura da região lateral.
Usei o equipamento até receber um
colete flexível da instituição. Por ser um equipamento certificado pela polícia
e adequado ao meu tamanho, deixei o plate carrier em casa como backup do colete
principal e como equipamento.
Além disso, sempre fica aquela
pulga atrás da orelha quanto à procedência das placas balísticas. Alguns conhecidos
policiais realizaram testes no stand de tiro e as placas suportaram disparos dos
calibres para os quais foram projetadas. Há também muitos testes no youtube (brasileiros
e estrangeiros) que mostram a eficiência delas. Acaba sendo uma decisão pessoal
o seu uso.
Por fim, respondendo a pergunta
do começo do texto, um plate carrier com um conjunto de placas rígidas 3ª, é sim
uma opção de proteção balística para civis. Para quem reside em regiões rurais
isoladas, ou mesmo em cidades com altos índices de violência é interessante ter
alguma proteção balística em caso de defesa residencial/rural. Seria um
equipamento para deixar a pronto uso, sempre perto da arma de fogo, para ser
usado em caso de invasão do local.
Como são geralmente equipamentos modulares, é possível configurar um coldre, lanterna, carregadores ou munição extra, torniquete e kit APH, uma lâmina de defesa pessoal entre outros equipamentos. Vestir um colete e ter tudo isso já acoplado evita de ter que procurar seus equipamentos durante a noite, isso de você sequer lembrar de procurá-los na adrenalina do momento. Acredite, em uma situação real de defesa seu raciocínio não será tão rápido e claro. Só não vale a pena colocar muito equipamento desnecessário e acabar perdendo a mobilidade, que é fundamental em uma situação de defesa.
O seu uso em clubes de tiro,
todavia, torna-se desnecessário caso sejam seguidas as regras de segurança com
armas de fogo. Além disso, o uso ou mesmo transporte desse equipamento em
espaços públicos pode chamar a atenção de criminosos, sendo desaconselhado, na
minha opinião. Infelizmente ser reconhecido como policial em algumas cidades pode
trazer consequências fatais.
Por fim, quero esclarecer que não
tenho nada contra quem deseja se vestir de modo “tático”. A preferência por uma
abordagem “gray man” é opinião pessoal. Como diz o ditado, quem não é visto,
não é lembrado.
Estejam preparados.
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